6.10.09

Ataque de Panique

Nó pré-cordial.
Falta de ar - os músculos não falham, mas o ar não me chega ao âmago.
Despersonalização.
Sei que tudo está na mesma e como lhe é de direito pela Razão que ainda me resta, mas a Percepção não reconhece grande coisa. Se me vejo ao espelho vejo-me tão por fora que me afundo. Todas as dúvidas existenciais alguma vez criadas pela existência do mundo culminam numa sensação de fim absoluto. Não de morte apenas, porque nem esse conceito se mantém de pé.
Sei que passa, mas não vejo como tal se pode almejar possivel. É tão absurdo que me passe como vos parecerá de certo absurdo tal chilique ter-me sequer invadido o juízo.
O coração às vezes bate mais depressa. Mais vezes ainda palpita-me, como se hesitasse. Como se esperasse o término iminente e não quisesse ficár atrás, fazer má figura. Arritmias, chamam-lhe.
Falta-me então de novo o ar.
(Eu respirava Paris, e há tanto que me falta a cidade que será de considerar normal, não? Expectável. Quiçá inevitável. Mais do que nunca. Não me deixa grande opção...)

Mesmo depois de uma mão cheia deles, nunca sei que raio faça. Benzodiazepinas podem despachar a coisa, mas têm efeitos demasiado nefastos no dia seguinte. Se me conseguir levantar da cama será como acertar no totoloto.
Não sei mesmo o que fazer. Durante demasiado tempo. Normalmente um cigarro é puxado, nota-se-lhe um mero efeito placebo, uma precipitação para a janela, goles sófregos e interruptos de ar que a pouco sabem e ali continua a indefinição do mundo. Trejeitos ansiosos por todo o lado, incapacidade de me manter a fazer seja o que for e principalmente de falar/ouvir seja quem for. Nada tolero, tudo rejeito.
Algures há um factor de distracção qualquer. Não sei ao certo. Nunca me lembro de nada que alguma vez me tenha distraído disto, mas alguma há-de já ter sido. Mas duvido que o faça mais do que uma vez, por isso não vale a pena anotar. Nem puxar pela cabeça. Não há nem regras nem soluções.
E se tentasses dormir? (tantos que me dizem) Mais do que medo de morrer ou qualquer coisa do género, assalta-me a fobia insuportável de nunca mais se me inibir o cérebro, de ficar consciente para o resto da vida. Se tentar vou sucumbir de vez perante tal impossibilidade.

Continuando: não pára de repente. Antes passa para segundo plano. Se o sono vier é milagre de Fátima, mas se já o conseguir ignorar aos poucos, como se ignora uma criança aos berros em plena birra, dou-me por vagamente satisfeita.

Se não aprendi a controlá-los quando assentam todos os arraiais, por serem exactamente o meu expoente máximo da falta de controlo, é cada vez mais fácil impedir que uma entidade sub-aguda descambe nisto (confesso que alguns estados alterados ilicitamente me fortaleceram tal engenho). Mais fácil mas não menos doloroso, porque a iminência se arrasta bem mais indefinidamente. Então porque não deixá-lo dar largas de uma vez por todas? Não, isso não, por favor.


Este é o meu. E só um exemplo, uma ilustração. Não é grande coisa, confesso, mas já me preenche as medidas. Todos os outros se regem por uns quantos critérios do DSM- IV, pela Teoria do Caos e pela da Relatividade.

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