31.12.09

Les dernières pensées de 2009, L'ANÉE EROTIQUE

Toujours le fruit interdit. Bof

Je suis le meilleur kleenex du monde.

Je ne t'aime pas... moi non plus.

Adoro a liberdade do meu fingimento poético, mas detesto quando me lêem à letra.

As saudades de Paris amordaçam-me o sono. Quero a cidade como nunca quis ninguém. Será isto justo?

(dates desormais inconnues)

20.10.09

Je l'ai trouvée devant ma porte
Un soir, que je rentrais chez moi.
Partout, elle me fait escorte.
Elle est revenue, elle est là,
La renifleuse des amours mortes.
Elle m'a suivie, pas à pas.
La garce, que le Diable l'emporte!
Elle est revenue, elle est là

Avec sa gueule de carême
Avec ses larges yeux cernés,
Elle nous fait le cœur à la traîne,
Elle nous fait le cœur à pleurer,
Elle nous fait des matins blêmes
Et de longues nuits désolées.
La garce! Elle nous ferait même
L'hiver au plein cœur de l'été.

Dans ta triste robe de moire
Avec tes cheveux mal peignés,
T'as la mine du désespoir,
Tu n'es pas belle à regarder.
Allez, va t-en porter ailleurs
Ta triste gueule de l'ennui.
Je n'ai pas le goût du malheur.
Va t-en voir ailleurs si j'y suis!

Je veux encore rouler des hanches,
Je veux me saouler de printemps,
Je veux m'en payer, des nuits blanches,
A cœur qui bat, à cœur battant.
Avant que sonne l'heure blême
Et jusqu'à mon souffle dernier,
Je veux encore dire "je t'aime"
Et vouloir mourir d'aimer.

Elle a dit : "Ouvre-moi ta porte.
Je t'avais suivie pas à pas.
Je sais que tes amours sont mortes.
Je suis revenue, me voilà.
Ils t'ont récité leurs poèmes,
Tes beaux messieurs, tes beaux enfants,
Tes faux Rimbaud, tes faux Verlaine.
Eh! bien, c'est fini, maintenant."

Depuis, elle me fait des nuits blanches.
Elle s'est pendue à mon cou,
Elle s'est enroulée à mes hanches,
elle se couche à mes genoux.
Partout, elle me fait escorte
Et elle me suit, pas à pas.
Elle m'attend devant ma porte.
Elle est revenue, elle est là,
La solitude, la solitude...

Barbara

6.10.09

Ataque de Panique

Nó pré-cordial.
Falta de ar - os músculos não falham, mas o ar não me chega ao âmago.
Despersonalização.
Sei que tudo está na mesma e como lhe é de direito pela Razão que ainda me resta, mas a Percepção não reconhece grande coisa. Se me vejo ao espelho vejo-me tão por fora que me afundo. Todas as dúvidas existenciais alguma vez criadas pela existência do mundo culminam numa sensação de fim absoluto. Não de morte apenas, porque nem esse conceito se mantém de pé.
Sei que passa, mas não vejo como tal se pode almejar possivel. É tão absurdo que me passe como vos parecerá de certo absurdo tal chilique ter-me sequer invadido o juízo.
O coração às vezes bate mais depressa. Mais vezes ainda palpita-me, como se hesitasse. Como se esperasse o término iminente e não quisesse ficár atrás, fazer má figura. Arritmias, chamam-lhe.
Falta-me então de novo o ar.
(Eu respirava Paris, e há tanto que me falta a cidade que será de considerar normal, não? Expectável. Quiçá inevitável. Mais do que nunca. Não me deixa grande opção...)

Mesmo depois de uma mão cheia deles, nunca sei que raio faça. Benzodiazepinas podem despachar a coisa, mas têm efeitos demasiado nefastos no dia seguinte. Se me conseguir levantar da cama será como acertar no totoloto.
Não sei mesmo o que fazer. Durante demasiado tempo. Normalmente um cigarro é puxado, nota-se-lhe um mero efeito placebo, uma precipitação para a janela, goles sófregos e interruptos de ar que a pouco sabem e ali continua a indefinição do mundo. Trejeitos ansiosos por todo o lado, incapacidade de me manter a fazer seja o que for e principalmente de falar/ouvir seja quem for. Nada tolero, tudo rejeito.
Algures há um factor de distracção qualquer. Não sei ao certo. Nunca me lembro de nada que alguma vez me tenha distraído disto, mas alguma há-de já ter sido. Mas duvido que o faça mais do que uma vez, por isso não vale a pena anotar. Nem puxar pela cabeça. Não há nem regras nem soluções.
E se tentasses dormir? (tantos que me dizem) Mais do que medo de morrer ou qualquer coisa do género, assalta-me a fobia insuportável de nunca mais se me inibir o cérebro, de ficar consciente para o resto da vida. Se tentar vou sucumbir de vez perante tal impossibilidade.

Continuando: não pára de repente. Antes passa para segundo plano. Se o sono vier é milagre de Fátima, mas se já o conseguir ignorar aos poucos, como se ignora uma criança aos berros em plena birra, dou-me por vagamente satisfeita.

Se não aprendi a controlá-los quando assentam todos os arraiais, por serem exactamente o meu expoente máximo da falta de controlo, é cada vez mais fácil impedir que uma entidade sub-aguda descambe nisto (confesso que alguns estados alterados ilicitamente me fortaleceram tal engenho). Mais fácil mas não menos doloroso, porque a iminência se arrasta bem mais indefinidamente. Então porque não deixá-lo dar largas de uma vez por todas? Não, isso não, por favor.


Este é o meu. E só um exemplo, uma ilustração. Não é grande coisa, confesso, mas já me preenche as medidas. Todos os outros se regem por uns quantos critérios do DSM- IV, pela Teoria do Caos e pela da Relatividade.

4.9.09

Em boa vontade me daria ao engodo de ser quem nunca fui.

23.8.09

Era uma vez um homenzinho

Era uma vez um homenzinho
muito velho, muito sujo
muito encardido, muito escuso
que se perdeu no erro de não errar
que fugiu para não se encontrar
que se largou no nunca ser
que nunca mais se aconteceu.
Era uma vez um homenzinho
que quando nasceu se morreu
Para nunca mais se haver
Para nunca mais se viver.
E não errava nunca
Nunca mentia, nunca enganava
quase nunca se mexia
e quando arriscava, emendava
Nunca esquecia, nunca pedia
Nunca nada escondia
nunca tocava, nunca conspurcava
quase sempre parava
antes que o sol nascesse
se nunca puxava, nunca iludia
nunca amava
assim nunca se enchia com o que fosse
assim nunca esvaziava o que restasse
e nunca restava o que lhe coubesse.
Era uma vez um homenzinho
muito velho, muito escuro
que quase nunca se via
que raramente importava.

Houve um dia
antes que ele nascesse
em que por trágico engano
ele em tudo errou
tudo agarrou, tudo exagerou
E de tanto que ele amou
e a tanto que ele se deu
para que tudo o violasse
que nada mais sobrou
que pouco dele sobreviveu.

Nada mais era seu que se visse
e para que nunca mais caísse
na parvoíce de se aldrabar
no horror de se sentir
cometeu o erro de nunca errar
condenou-se ao não existir.
---
(encore)

brevemente Des1biga#16

22.8.09

Je suis la même. Mais je me sens différente. Car sous les nuages de Paris, le peu d’air qui circule nous pénètre l’âme et devient sang. Peut-être parce que je suis toujours différente. Comme les nuages à Paris, qui changent tout le temps, qui passent vite. Non, cette fois c’est différent. Moi. C’est plus fort. Que moi. Mais aussi comme le ciel à Paris, qui on voit nuageux, aujourd’hui, demain, peu importe, je suis la même de tous les jours. En attendant toujours le soleil, comme Paris. Qui me passe à toute la vitesse par les veines, sans pitié, jusqu'a mon cœur, sans se retenir jamais. Paris, à mon image. Je te sens différente.