23.8.09

Era uma vez um homenzinho

Era uma vez um homenzinho
muito velho, muito sujo
muito encardido, muito escuso
que se perdeu no erro de não errar
que fugiu para não se encontrar
que se largou no nunca ser
que nunca mais se aconteceu.
Era uma vez um homenzinho
que quando nasceu se morreu
Para nunca mais se haver
Para nunca mais se viver.
E não errava nunca
Nunca mentia, nunca enganava
quase nunca se mexia
e quando arriscava, emendava
Nunca esquecia, nunca pedia
Nunca nada escondia
nunca tocava, nunca conspurcava
quase sempre parava
antes que o sol nascesse
se nunca puxava, nunca iludia
nunca amava
assim nunca se enchia com o que fosse
assim nunca esvaziava o que restasse
e nunca restava o que lhe coubesse.
Era uma vez um homenzinho
muito velho, muito escuro
que quase nunca se via
que raramente importava.

Houve um dia
antes que ele nascesse
em que por trágico engano
ele em tudo errou
tudo agarrou, tudo exagerou
E de tanto que ele amou
e a tanto que ele se deu
para que tudo o violasse
que nada mais sobrou
que pouco dele sobreviveu.

Nada mais era seu que se visse
e para que nunca mais caísse
na parvoíce de se aldrabar
no horror de se sentir
cometeu o erro de nunca errar
condenou-se ao não existir.
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(encore)

brevemente Des1biga#16

22.8.09

Je suis la même. Mais je me sens différente. Car sous les nuages de Paris, le peu d’air qui circule nous pénètre l’âme et devient sang. Peut-être parce que je suis toujours différente. Comme les nuages à Paris, qui changent tout le temps, qui passent vite. Non, cette fois c’est différent. Moi. C’est plus fort. Que moi. Mais aussi comme le ciel à Paris, qui on voit nuageux, aujourd’hui, demain, peu importe, je suis la même de tous les jours. En attendant toujours le soleil, comme Paris. Qui me passe à toute la vitesse par les veines, sans pitié, jusqu'a mon cœur, sans se retenir jamais. Paris, à mon image. Je te sens différente.